sexta-feira, setembro 18, 2009

Fase de Romantismo - Lua Nova

Ela brinca...


Corre por entre as flores amarelas como antes corria por meus sonhos. O vento brinca em seus cabelos suaves, a brisa acaricia o seu rosto. Da janela, atento sigo com o olhar seu alegre caminhar pelas trilhas sinuosas da nossa montanha e toda a natureza parece se curvar para reverenciá-la.


(...)


Quando anoitece e a lua surge gloriosa sobre a montanha, temo vê-la subir num raio de luar como acontecia nos meus sonhos. Nessas ocasiões, seguro sua mão e olho ciumento para a lua. Ela sorri e seu sorriso dissipa meus temores; é a lua que desce agora ao solo, para coroar de beleza sua rainha. Minha jovem Fada está ali, bem ao alcance dos meus braços e para eles corre ansiosa quando me vê caminhar em sua direção. Essa é a nossa casa, esse é o nosso mundo, a montanha enluarada dos meus sonhos.


(...)


Deitado sobre a relva, com a cabeça aninhada em seu colo, adormeço olhando para seu rosto gracioso. Seu sorriso é sempre a ultima coisa que vejo antes de adormecer e a primeira que vejo ao despertar.


Seu corpo jovem, sua alegria de menina e a leveza de seus movimentos quase iludem os meus sentidos. Eu poderia tomá-la por uma jovenzinha de pouco mais de vinte anos. Mas eu a conheço, meu espírito a conhece. Vejo ali a caminhar por entre as flores amarelas, uma alma mais antiga e mais sábia que a minha.

Mistérios devem ser aceitos e compreendidos não na medida do possível, mas no limite do improvável...Um Mago não deve em tudo crer ou de nada duvidar. Se existem reencarnações, vidas múltiplas, esferas de existência além desta onde a reencontro agora, eu não sei.



Mas se existiram outras vidas antes dessa, se eu vim a esse mundo em outras ocasiões e lugares sob outras formas, tenho certeza de que em todas essas existências eu estive ligado a ela e ela a mim.


Devo a ter gerado em muitas dessas vidas e sido seu pai ou mãe, em outras ela me deu nascimento e fui seu filho ou filha. Certamente já fui seu marido ou esposa, fomos inimigos mortais em algumas dessas vidas, amantes ardentes em outras, amigos, professor e aluno, servo e senhor, irmãos...E um sem número de ligações que nem posso imaginar, estendendo-se até o princípio dos tempos.


Mas em todas as minhas vidas ela lá estava e devemos ter-nos reconhecido em todas elas como nos reconhecemos agora. E nós sempre celebramos esses reencontros de alguma maneira, de um modo todo nosso, seja compondo juntos uma sinfonia, seja travando uma guerra, seja construindo um país.


Quis o universo que nessa vida nos encontrássemos Fada e Mago. Que realizaremos para celebrar mais este reencontro? Meu espírito, desde o principio dos tempos e da vida, desde que encontrou o dela pela primeira vez, apegou-se a ele e está resolvido a não se afastar dele, não importa quantas vidas vivamos ou sob que formas venhamos a este ou outros mundos.


(...)


Fico imaginando se ela não vai se desvanecer como o orvalho delicado da noite se desvanece ao sol. Mas quando aurora chega, quando o mundo desperta, ela desperta com o mundo e me vê ali, comovido, um pouco cansado mas feliz e agradecido por ela ainda estar ali...Por ter o universo me permitido tê-la por mais um dia.


Ela sorri e me beija, ri dos meus temores com a alegria despreocupada de quem tem a eternidade a seu dispor. Muito próprio das fadas...Ela se aninha em meu peito e enfeita meus ombros com suas flores amarelas.Ao seu toque, subitamente não há mais temor algum, nenhuma angustia em meu espírito anteriormente atormentado, nenhuma dúvida. Nada a não ser um mago feliz com sua fada, brincando na montanha, no jardim da eternidade.


(Sage, Mago das palavras)

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